segunda-feira, 24 de setembro de 2007


Renegados. Situação:
rock in’ jazz of blues








As noites boêmias, da House of Blues, aos domingos, no Centro Cultural Dragão do Mar, tem deixado a platéia descontraída. A banda Renegados, que há anos agita as noites cearenses, com seu rock in’ jazz of blues, apresentou uma diversidade musical que vai do recente CD, A Essência do Rock, ao som psicodélico de A Saucerful of Secrets da renomadíssima Pink Floyd para desfechar ao som do xaxado. A banda é um baú musical que vai ao gosto dos ratos de sebo a platéia mais comum. Embalada pela guitarra empolgante de Marcelo Pinheiro (vocal e guitarra) e Ricardo Pinheiro (batera e vocal) seguido de Romualdo Filho no contra baixo.
A essência do rock, segundo o próprio Marcelo Pinheiro, "não se limita a um estilo musical, pode-se ouvir jazz." O que desmistifica antigos conceitos de que rock é só pauleira. Com um repertório vasto e dois CDS na estrada, e com letras que abordam questões sociais, a banda Renegados, não deixar de lado o vigor da poesia que é presente em cada acorde.
Eclética, a noite não se deixou por menos no liquidificador musical da Renegados. Passaram também pelo palco Leonardo Escoleta, Aldemo JR seguido do sax afinado do Eliz Mário que sintetizou a fusão do jazz com o rock.
Vale a pena ouvir o rock cearense.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007





Carnavalha
Romance de Nilto Maciel




Por José Leite Neto

Li Carnavalha como se brincasse no meio da avenida, bem que eu poderia ter deixado para escrever esta crônica em pleno carnaval completamente bêbado e pagão, pois assim é a grande festa do povo e assim é quase todo o desenrolar do livro. “O livro é um folião festivo do início ao fim”, já que eu poderia ser o Zuza, personagem central do livro. Carnavalha de Nilto Maciel é cheio de gritos, algazarras e traições. Escrito ao som de apitos e zabumba, com a navalha na carne. Na carne de Nequinho que cambaleou trôpego às punhaladas até cair por entre as pernas dos brincantes em meio às rezas de Maroca, que se benzia e mandava sua irmã Alzira se benzer ao tempo em que contemplavam tudo pela janela e gritava:


“Pecadores (...). Nequinho morreu tragicamente. E o irmão dele aí comediante.”


Conciso e bem escrito, Nilto Maciel, o cara da Revista Literatura, nos mostra neste seu novo romance - Carnavalha, personas descompromissadas e felizes com a vida em meio a grande festa da Carnavalma brasileira, senhoras ranzinzas e alcoviteiras, crianças brincalhonas penduradas em árvores com medo dos foliões que bêbados e aos poucos tomam ruas e calçadas. E é isso mesmo. Lembro-me de quando era criança e minha avó gritava para que entrássemos, porque era carnaval e os lapadas estavam soltos. No livro o leitor se deparará com uma multidão de carnavalescos com seus vaivens, de uma rua a outra, entre gritos e apitos fazendo com que o leitor se conduza às janelas, a assistir o espetáculo da festa que se forma a cada página virada.
A cena do interior da casa das irmãs Maroca e Alzira diz bem o contraste entre o religioso e o profano, às imagens dos santos na sala, postos em misericórdia, enquanto lá fora, blocos de foliões se demoram diante da fictícia platéia de moradores que escuta a dissonância da multidão dos brincantes.


Lê-se Carnavalha de um só gole, entre um balançar e outro da rede. O livro chega a deixar o leitor no meio da algazarra, em um carnaval fora de época, numa carnavalha criativa. Empolgante a obra retrata bem a cultura alegre do povo brasileiro, porque cheira a povo, com uma linguagem boa e leve - as gargalhadas. E, se o ofício de escrever é uma das profissões das mais árduas, nisto, Nilto Maciel está de parabéns, mas antes que me esqueça: sai de casa Nilto, vamos tomar uma cerveja.





Utilidade:
Carnavalha, 20 reais
Romance de Nilto Maciel
Editora Bestiário.