sexta-feira, 21 de março de 2008





dois Poema de Aline Carlos



sem titulo




Absorta, te busquei no movimento dos outros carros.
Por vezes, de tanto olhar para os lados, quase morri.
Foram semanas assim.
Trilhas sonoras de cada instante meu com o teu, fiz.
Procurando o que não havia e o que havia de ser só na minha cabeça, na minha imaginação.
Eram dias que não passavam.
Eram noites em claro...
O juízo imperfeito.
O coração em descompasso.
Cega.
E do encontro que se deu, não passara de boa sorte e, com sorte, até um dia, quem sabe.
E louca, mais uma vez me perdi.




Oração





Todos os dias sem muito esforço

Ela lança olhares para o céu

Buscando uma solução

À noite, as contas do terço saltam-lhe os dedos

E numa busca por dias melhores

Procura por uma intercessão divina

Redundante, se põe a dizer:

Ave Maria, minha Nossa Senhora!

Valei-me, meu pai!

Meu Deus do Céu!

E de todas as lágrimas que já cobriram o seu manto materno...

Eis que não se demora a derramar mais uma.

Não chores mãe!

E com suas mãos e corpo já tão sofridos

Das palavras grosseiras

Das mentiras contadas

Dos dias perdidos

Dos anos de tantas lutas

Ela, incansavelmente, faz um carinho no rosto,

olha nos olhos, esforçando-se por um sorriso e diz:

Deus proverá, minha filha!