dois Poema de Aline Carlos
sem titulo
Absorta, te busquei no movimento dos outros carros.
Por vezes, de tanto olhar para os lados, quase morri.
Foram semanas assim.
Trilhas sonoras de cada instante meu com o teu, fiz.
Procurando o que não havia e o que havia de ser só na minha cabeça, na minha imaginação.
Eram dias que não passavam.
Eram noites em claro...
O juízo imperfeito.
O coração em descompasso.
Cega.
E do encontro que se deu, não passara de boa sorte e, com sorte, até um dia, quem sabe.
E louca, mais uma vez me perdi.
Oração
Todos os dias sem muito esforço
Ela lança olhares para o céu
Buscando uma solução
À noite, as contas do terço saltam-lhe os dedos
E numa busca por dias melhores
Procura por uma intercessão divina
Redundante, se põe a dizer:
Ave Maria, minha Nossa Senhora!
Valei-me, meu pai!
Meu Deus do Céu!
E de todas as lágrimas que já cobriram o seu manto materno...
Eis que não se demora a derramar mais uma.
Não chores mãe!
E com suas mãos e corpo já tão sofridos
Das palavras grosseiras
Das mentiras contadas
Dos dias perdidos
Dos anos de tantas lutas
Ela, incansavelmente, faz um carinho no rosto,
olha nos olhos, esforçando-se por um sorriso e diz:
Deus proverá, minha filha!